Guerra do Contestado: A história que precisa ser contata
Espetáculo teatral será apresentado em dez cidades do Vale do Contestado, em maio.
Um dos conflitos mais sangrentos da história do Brasil será relembrado nos palcos culturais de dez cidades catarinenses entre os dias 16 e 29 de maio. Além das encenações teatrais, ocorrerão rodas de conversa, palestras, oficinas e exibição de documentário. Todas as apresentações são gratuitas e têm um objetivo maior: rememorar a história do povo caboclo, valorizar a identidade cultural local e impedir o esquecimento de tudo o que foi contestado durante quatro anos de conflito: terras, direitos e vidas.
A Guerra do Contestado nunca pode ser esquecida e precisa ser tratada com a devida importância que a história exige. Ocorrida entre 1912 e 1916, foi resultado da disputa de terras por Santa Catarina e Paraná no planalto entre os dois estados, numa região rica em erva-mate e por onde seria construída a estrada de ferro que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo. O episódio opôs sertanejos e forças militares e, embora a quantidade de mortos seja imprecisa, estima-se entre 10 mil e 20 mil o número de pessoas que perderam a vida nos confrontos.
Pouco encontrada nos currículos escolares, mesmo com tamanha relevância para o país, a Guerra do Contestado é estudada por pesquisadores e artistas que se dedicam a eternizá-la. E neste contexto destaca-se o trabalho da Cia Mútua, fundada em 1993, em Joaçaba, e desde 2007 sediada em Itajaí.
Com espetáculos apresentados em 18 estados brasileiros e outros três países e 19 prêmios nacionais e internacionais conquistados, o grupo consagra 30 anos de carreira com um dos seus principais trabalhos. Estreado em março de 2019, “Contestados” é rico em informações obtidas pela equipe em visitas a locais relevantes, entrevistas com moradores e estudiosos, leituras especializadas e vídeos sobre o tema.
A história é contada pelas atrizes Laura Correa e Mônica Longo por meio de teatro de animação. Em cena são utilizados 100 quilos de terra crua, que espalhada sobre uma mesa, sustenta figuras, cenários e adereços. O elemento terra compõe a geografia da história que vai sendo narrada, convertendo-se em montanhas, planícies e vales, mas sobretudo sendo o grande símbolo dramatúrgico da obra: o conflito por terras. Com entrada gratuita, a peça é indicada para públicos acima dos 12 anos de idade e contará com acessibilidade em libras.
Além das apresentações, o projeto também terá rodas de conversa com grupos de cultura cabocla, mediados pela museóloga Letíssia Crestani e ações formativas com profissionais convidados. O projeto tem patrocínio de Weg, Celesc e SC Gás e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.
Em nossa região a apresentação acontece na
Quinta-feira, 18/05, às 19h
Auditório da Unespar
Apresentação “Contestados” + Roda de conversa com Acampamento Reduto do Caraguatá